Ulalá! Quando eu era professor de redação e temas polêmicos suscitavam debates, não raro um aluno indagava: Reinaldo, você é a favor ou contra a pena de morte?. E eu: Contra!. Quase fatalmente vinha a suposta contradita: Ah, mas se um parente seu fosse vítima .
Aí vinha o longo percurso para explicar a diferença entre justiça e vingança; entre um julgamento feito segundo as regras do estado de direito e o linchamento; entre a pena de morte e a legítima defesa Mas notem: eu lidava com adolescentes.
Barroso deve ter lido Como Vencer um Debate Sem Precisar Ter Razão, de Schopenhauer, e deve ter adotado os 38 estratagemas como táticas virtuosas. A resposta de Marco Aurélio foi excelente:
Não me impressiona o transporte da situação enfrentada para o campo familiar, mesmo porque, se parente até o terceiro grau (fosse), eu não poderia julgar. ( )
Assim caminhamos Ainda haverá a hora em que alguém da suprema corte brasileira vai dizer: Ah, queria só ver se fosse com a sua mãe .
Para registro: Marco Aurélio é primo distante de Collor de quarto grau, acho. Mesmo assim, já ministro do Supremo, declarou-se impedido de participar do julgamento do ex-presidente, em 1994.
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