sábado, 21 de janeiro de 2012
soldados e policiais Afegãos intensificam assassinatos de soldados americanos e aliados
:: MATTHEW ROSENBERG – Tradução e comentario de FRANCISCO VIANNA
Publicado em 20 de janeiro de 2012 no jornal ‘The New York Times’
CABUL, Afeganistão – soldados das forças americanas e da coalizão aqui estão sendo mortos em número crescente pelos próprios soldados afegãos com os quais lutam lado a lado contra o Talibã, em ataques motivados por profunda animosidade entre as supostas forças aliadas, de acordo com oficiais americanos e afegãos e um relatório secreto da coalizão.
Uma década de guerra no Afeganistão e o relatório deixa claro que esses assassinatos tornaram-se o sintoma mais visível de um mal muito mais profundamente enraizado que assola o esforço de guerra: o desprezo que ocidentais e afegãos nutrem um pelo outro, não importando o Talibã. A má vontade e a desconfiança são profundas entre civis e militares de ambos os lados, levantando questões sobre qual o futuro papel dos Estados Unidos e de seus aliados ocidentais podem esperar terem no Afeganistão.
Ressaltando o perigo, quatro soldados franceses de serviço foram mortos e vários ficaram feridos nesta sexta-feira de hoje quando um homem armado, vestindo um uniforme do Exército Nacional Afegão, voltou sua arma sobre eles e atirou, conforme relatou um oficial da polícia afegã em KAPISA, Província no leste do Afeganistão, onde ocorreu o incidente e um oficial ocidental em Cabul, que falou sob condição de anonimato – porque não estava autorizado a falar com a imprensa.
Mas a consequência mais preocupante foi o número crescente de ocidentais mortos por seus alegados aliados afegãos, eventos que têm sido rotineiramente rejeitados pelas autoridades norte-americanas e da OTAN como ‘episódios isolados’, causados por atos individuais de soldados perturbados ou elementos do Talibã infiltrados na força em formação, e que não indica haver um padrão maior para a conduta. O relatório inusitadamente franco, que foi preparado para um comando americano subordinado do leste do Afeganistão, tem uma visão decididamente diferente. O ‘Wall Street Journal’ informou sobre os detalhes da investigação no ano passado. Uma cópia foi obtida pelo ‘The New York Times’.
"Altercações letais claramente não são raras ou isoladas, pois elas refletem uma ameaça crescente de homicídios sistêmicos (numa magnitude que pode se tornar sem precedentes entre 'aliados' na história militar moderna)", disse. Pronunciamentos oficiais da OTAN, ao contrário, "parecem falsos, senão profundamente desonestos intelectualmente", diz o relatório, e minimizou o papel de Talibãs infiltrados nas mortes.
"O ressentimento e o ódio crescem rapidamente", disse um coronel do exército afegão. Ele descreveu suas tropas como sendo composta de "ladrões, mentirosos, e viciados em drogas", mas também disse que os americanos têm sido "rudes, abusadores arrogante, que usam linguagem chula e ofensiva às suas crenças e costumes".
Comandantes veteranos, em grande parte, conseguem manter tais sentimentos sob controle, disse o oficial, que pediu para não ser identificado para que pudesse falar abertamente. Mas o oficial disse: "Receio que a coisa vai se transformar num grande problema no futuro próximo nas fileiras inferiores de ambos os exércitos".
Tem havido progresso, especialmente entre os comandos da elite afegã e das forças de Operações Especiais da coalizão, a maioria dos quais foram submetidos a treinamento cultural em profundidade e falam pelo menos um pouco de ‘dari’ e ‘pashto’, as duas principais línguas faladas no Afeganistão. Mas, como destaca o relatório confidencial, a familiaridade na maioria dos casos parece ter gerado principalmente desprezo – e que, por sua vez, tem minado benefícios de nivelamento das forças.
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