O carnaval será só em março, mas o blocão dos mascarados, com o vice-presidente eleito, Michel Temer, de mestre-sala, já ensaia seus passos em direção à apoteose do Planalto. Tem tanto deputado e senador brigando para subir nos carros alegóricos do Congresso e do ministério que a porta-bandeira Dilma Rousseff começa a temer por sua segurança.
Na cara de Temer, é impossível vislumbrar qualquer expressão facial. Um bom teste é olhar dez fotos suas em situações completamente diversas. As imagens são sempre iguais, sem trair alegria, emoção ou contrariedade – apenas o mesmo ar compungido. Se fosse mulher, os fofoqueiros atribuiriam a injeções de Botox, que congela as expressões. O povo brasileiro não confia em político fantasiado de esfinge.
Mas o samba da política é pesado, sem sintonia ou rimas. O que se quer é brilho e paetê. No caso, cargos e grana. Antes do champanhe do Réveillon, deputados querem aprovar o aumento de seus salários de R$ 16.500 mensais para R$ 26.700. Um salto de 61,83%. É ou não um atentado ao pudor? São ruins da cabeça e doentes do pé.
O que o PMDB de José Sarney mais deseja agora é indicar o ministro que ocupará a vaga do STF, para desmontar a Lei da Ficha Limpa e salvar o mandato de Jader Barbalho – mantido inelegível pelo Supremo por ter renunciado em 2001 para escapar da cassação, acusado de desvios e corrupção
RUTH DE AQUINO
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