sábado, 27 de novembro de 2010

Eu escrevi no Twitter em 28 de abril: "Depois de avisar gentilmente aos bandidos, polícia de Cabral ocupa 5 favelas da Tijuca. Mas: para qual eles foram agora?". Ninguém questionava ainda o destino dos narcotraficantes após a instalação sem tiros das UPPs. A imprensa aplaudia a tal Pacificação, como se o nome atribuído a uma ação política se convertesse magicamente em realidade. Sete meses e muitos veículos queimados depois, a imprensa continua sendo a porta-voz do governo. Mas, como no aforismo de Karl Krauss: "Há escritores que já conseguem dizer em vinte páginas aquilo para o que às vezes preciso de até duas linhas".

Eu gosto de escrever em duas linhas. Se resumisse este artigo à equação Farc + PT + Cabral + Traficantes + Usuários = Guerra "do Rio", com aspas, eu já ampliaria toda a cobertura jornalística. Gabriel O Pensador, num encontro imaginário com o Capitão Nascimento no calçadão, reclama que não é revistando maconheiro que ele "vai achar os grandes bandidos", afinal "nós somos vítimas da violência estúpida que afeta todo mundo". Gabriel O Pensador é uma espécie de Arnaldo Jabor do rap. Um integrante do "sistema" revoltado contra o "sistema". Ele já pode fundar uma ONG com Wagner Moura, Dado Dolabella, Marcelo D2 e Chico Buarque.
FELIPE MOURA BRASIL

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