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Jonathan Sacks, Grande Rabino das Congregações Hebraicas da Commonwealth e uma das vozes mais influentes do Judaísmo na actualidade, é autor de uma obra já vasta, onde o conhecimento profundo do corpus textual judaico se cruza com o da tradição filosófica europeia, domínio da sua formação universitária secular e seu primeiro magistério profissional.
É essa coragem feita de fé e essa atenção à actualidade informada pela tradição recebida como algo que nos está a falar agora, que caracterizam todos os livros de Sacks, como este Future Tense, a vision for Jews and Judaism in the Global Culture. Não vou descrever o livro. Vou apenas citar, traduzindo, três dos parágrafos finais do epílogo:
Uma vez, depois de ter falado sobre algumas destas ideias, alguém chegou ao pé de mim e disse: «Apreciei as suas palavras. Mas não crê que está a travar uma batalha perdida?» Foi uma boa pergunta. Quando vejo o isolamento de Israel, a demonização que está a sofrer, e o regresso do anti-semitismo, especialmente aos campos universitários; quando vejo pessoas a marcharem em Londres sob o slogan - «Agora somos todos Hezbollah»; quando vejo quão pouco as pessoas aprendem da história, voltando aos mesmos erros, sou quase tentado a concordar: sim, talvez seja uma batalha perdida.
O que respondi, porém, foi isto: «Sim, o combate judaico é um combate perdido. Sempre foi. Moisés perdeu. Joshua perdeu. Jeremias perdeu. Lutámos por ideais que não estavam ao nosso alcance, esperámos por uma sociedade graciosa para lá do possível, acreditámos numa era messiânica para lá do horizonte mais remoto, lutámos com um anjo e saímos a mancar. E, entretanto, os que ganharam desapareceram, e nós ainda aqui estamos, ainda jovens, cheios de vigor, ainda a travar batalhas perdidas, nunca aceitando a derrota, recusando-nos a vergar ao cinismo, a desistir da esperança de paz com aqueles que, hoje como ontem, procuram a nossa destruição. É o tipo de batalha perdida que vale a pena travar, bem mais do que qualquer vitória fácil e qualquer consolação prematura.»
(...)
Mesmo se nenhuma vitória é final, e para cada um de nós há um Jordão a atravessar, mesmo assim este pequeno povo, em tudo o mais insignificante, pôde, com uma consistência supreendente, ser uma bênção para as famílias da Terra. E apesar de ter travado uma batalha perdida ao longo de quatro mil anos, ainda vive e respira, canta, recusa-se ao desespero, dá testemunho, sem sempre o saber, do poder de Deus no coração dos homens para nos elevar a realizações que não poderíamos ter conseguido alcançar sós, ou sem a fé dos nossos pais. Cada um deles conta. E a tarefa judaica permanece: ser a voz da esperança numa era de medo, a contra-voz na conversa da humanidade.
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