quarta-feira, 13 de abril de 2011

REINALDO AZEVEDO- MARAVILHOSO



As esquerdas — as de hoje —, lá no fundo de sua alma perturbada, acreditam que o bandido é só um revolucionário que não deu certo, entendem?, um proto-rebelde. Vocês conhecem a atração que os marginais exercem em certa intelligentsia descolada. Houve um que achegou até a ser adotado por um banqueiro. Era o Rousseau do Comando Vermelho; o intelectual orgânico da pistola e do tráfico de drogas. Apostava-se nele para produzir um outro saber, alternativo, que não estivesse mascarado pelos interesses dessa sociedade burguesa e mesquinha…

Não é que essa gente considere a sério que os bandidos farão revolução um dia — porque isso, de fato, ninguém quer. Sabem que não acontecerá. É que esses caras precisam ter a certeza de que vivem na boa consciência; de que se distinguem dessa classe média abestada que paga impostos, que produz o pão que garante o circo. Em 2005, identifiquei direitinho o que queria a turma que disse “sim” no referendo sobre a proibição da venda legal de armas: criar a “aristocracia da bala”, já que só a alguns selecionados seria dada a licença para portar armas — empresas privadas de segurança de artistas e políticos, por exemplo. Ou como disse o leitor “Jokha”, num comentário: “Daqui a pouco ,o governo do PT vai aprovar uma lei que só permitirá porte de arma a quem possuir passaporte diplomático.” Na mosca! Especialmente a quem possui passaporte dipomático e… ilegal!


Esse amor “desarmamentista” da esquerda é coisa recente, bem como essa paixão pela bandidagem. Lênin mandava passar fogo na turma, não porque fosse um moralista — ele mandava matar, antes de tudo, gente boa —, mas porque bandido era contra-revolucionário, entenderam? Os esquerdistas modernos é que descobriram o potencial transformador do crime e passaram a flertar com ele, até que se tornasse uma verdadeira “cultura”.

Quanto às armas, dizer o quê? Era mais importante para os esquerdistas do que o Capítulo XXIV de “O Capital”. Como ler Marx era difícil e chato — consta que Dilma dava aula de marxismo quando moça… Jesus! —, preferiam a metranca. Hoje em dia, as esquerdas se fizeram pacifistas, entendendo-se por isso, obviamente, tirar as armas da mão de quem não é nem revolucionário nem bandido. É… De certo modo, não mudaram. Continuam sem ler o Capítulo XXIV…

É o casamento da ignorância com a mistificação.


REINALDO AZEVEDO

Nenhum comentário:

Postar um comentário