domingo, 1 de janeiro de 2012

PARA ERIC HOBSBAWM ELEMENTO RELIGIOSO DA PRIMAVERA ÁRABE É "DESNECESSÁRIO




A tal primavera não resulta de outra coisa que a articulação dos religiosos islâmicos, nos bastidores. Ao invés de mais liberdade, aqueles povos terão ditaduras mais fechadas ainda.


COMO SEMPRE, A ESQUERDA É MÍOPE PARA AS RELIGIÕES.
ERIC HOBSBAWM ACHA QUE A PRESENÇA RELIGIOSA É  DESNECESSÁRIA. DE FATO, SEM O TRABALHO DE BASTIDOR DAS MESQUITAS NÃO TERIA HAVIDO PRIMAVERA ÁRABE.
HAVERÁ, APENAS, TROCA DE DITADURAS ENTRE OS ÁRABES
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historiador britânico marxista Eric Hobsbawm compara o que se chamou de primavera Árabe à onda de revolta na Europa, em 1848. Leio na Folha de S Paulo que Hobsbawm acha que ocorrem várias e não uma única revolução, e que o elemento religioso que surge no meio das manifestações “é desnecessário e não necessariamente bem vindo”.


Já escrevi várias vezes que a imprensa internacional e muitos analistas erram ao considerar que as revoltas árabes são algo como a Primavera de Praga. É certo que as ditaduras acabam criando vários tipos de oposição e adversários.


Para relembrar: há jovens ligados ao mundo mais amplo, por meio da tecnologia, que gostariam de viver num regime mais livre, com menor influência religiosa, mesmo e regimes laicos como o da Síria. Há a demanda das mulheres que, em diversos países já haviam experimentado mais liberdade e direitos e foram perdendo o espaço por conta dos movimentos religiosos tradicionalistas, como no Irã. Um movimento de recuo ocorre agora na Turquia, e parece haver algo assim na Síria.


No caso da Tunísia, Síria e Egito, por exemplo, havia e há muito de insatisfação com a situação econômica dos países; há os parentes indignados com as prisões a longo do tempo de quem é de oposição; há desejo de maior liberdade política. A Síria é uma ditadura de partido único submetida a uma família: Assad.


Em todos esses países há minorias religiosas temerosas pelo futuro. Há desejos de crescer de uma classe média, etc. Mas o que mal aparece nisso tudo, e que, penso é o que alimenta essa movimentação toda são as chamadas “forças ocultas”.

Uma crise nas ditaduras árabes favorece aos religiosos tradicionalistas que nunca se conformaram com perder o poder de mando na sociedade. Muito mais que o poder do Facebook, o que está vigorando hoje naquela região é o surdo rumor das mesquitas.
Claro que para os planejadores deve parecer que a revolta é natural, dos civis laicos, etc. Mas no fim das contas verificaremos, dentro de algum tempo, que as manifestações religiosas não eram desnecessárias, de fato elas é que estão por trás e alimentando as revoltas. O Oriente Médio será mais fechado dentro de alguns anos.

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