sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
PSDB- Onde estava? onde está?
Onde estava e, de certo modo, onde está o PSDB COMO PARTIDO — não como expressão isolada de um líder ou outro — nessa crise do Pinheirinho? Aécio Neves é agora “o candidato óbvio”, certo? Como reagiu a uma das maiores orquestrações de que se tem notícia do governo federal contra um governo estadual de um aliado seu? Houve uma verdadeira conjuração palaciana contra Geraldo Alckmin e contra São Paulo, de braços dados com mentirosos profissionais, canalhas a soldo pagos com dinheiro público para caluniar, injuriar, difamar… E o que fez Sérgio Guerra nesse tempo? E o CONJUNTO - não um ou outro - dos deputados e senadores? Houve, sim, manifestações esparsas e esporádicas, mas, lamento!, NÃO SE VIU UM PARTIDO.
Por quê? Ora, porque é fato que havia muitos tucanos tentando se afastar do problema, temendo a máquina oficial de propaganda. Alberto Goldman, vice-presidente do PSDB, emitiu uma dura nota a respeito — Guerra estava fora do país. Mas ela não parecia traduzir a indignação da legenda como um todo. Muitos talvez quisessem que isso é “coisa lá de São Paulo”. Sim, senhores! Estamos tratando agora da esfera de valores, esta na qual os tucanos não entram de jeito nenhum! Têm um pavor patológico de parecer “reacionários”. Às vezes, fico com a impressão que muitos deles lutam desesperadamente para ser considerados boas pessoas pelos… petistas!
Vamos avançar um tantinho mais, para deixar alguns tucanos ainda mais escandalizados. Um partido que estivesse, como se diz, “nos cascos” não deixaria passar em branco as declarações da nova ministra da Secretaria das Mulheres, a tal Eleonora Menicucci, que andou a dizer barbaridades ontem sobre o aborto. Qualquer partido decente, ainda que achasse a cureta um verdadeiro poema, repudiaria os termos e, sobretudo, destacaria que a escolha vai na contramão do discurso da candidata Dilma Rousseff. Mas é evidente que o PSDB não o fará porque já li aqui e ali que alguns deles consideram o debate de 2010 um equívoco — como se ele tivesse sido feito pelo partido. Errado! Foi feito por parcelas da sociedade.
Daqui a pouco, a tal lei que criminaliza a homofobia voltará à pauta. Vamos ver em que termos. A chance de que se tente impor, sob o pretexto de garantir a igualdade, uma forma de censura, especialmente religiosa, é imensa. O PSDB terá a coragem de defender a liberdade de crença ou tentará disputar influência com o PT no movimento gay — o que sempre será inútil? Até a greve dos policiais da Bahia fala um tanto do PSDB. Apoiar o movimento seria, obviamente, impensável, e não serei eu, que me oponho à greve de qualquer servidor público, a recomendá-lo. Apontar, no entanto, a irresponsabilidade do viajante Jaques Wagner é um imperativo político e moral.
Sim, tucanos, um dia uma parcela dos historiadores — não todos porque os tarados ideológicos não o farão — vai reconhecer os méritos da gestão de FHC e os truques todos a que recorreu Lula para esconder a obra do antecessor. É importante que vocês digam a verdade, na esperança de que vire um registro. Mas a política mesmo está em outro lugar, está com os valores. Se o PSDB não seguir o exemplo dos grandes partidos de oposição do mundo democrático, que têm a coragem de debatê-los, pode, então, pendurar a chuteira.
Só que há um porém: na média, o povo brasileiro é bem mais conservador do que a esmagadora maioria dos tucanos. Ou eles decifram esse povo ou serão devorados de novo.
Por Reinaldo Azevedo
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