terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
Cade a direita brasileira?
João Mellão Neto - O Estado de S.Paulo
PT e PSDB mantêm uma relação que só Freud explica. Ambos foram dissidências do antigo MDB e nasceram do mesmo ventre: o pensamento socialista. Mas só viveram juntos até meados da década de 1980. A partir daí separaram os trapos e cada um foi cuidar da própria vida.
Intelectuais existem em ambos os partidos. Só que a social-democracia se traduz pela adesão de sindicatos e o PSDB ainda não conquistou nenhum. Os tucanos acreditam contar com a nata da inteligência brasileira. Acham que seus adversários são rudes e pouco educados. Os petistas já perceberam que seus opositores só conhecem a política de punhos de renda e abusa disso. Praticam a política do pragmatismo e a do poder no seu sentido mais realista. O PT vê no PSDB um inimigo a ser combatido. Já no PSDB o PT é tratado como irmão caçula. Todas as suas diabruras são perdoadas, todas as suas malcriações são relevadas como "excessos da juventude". Acontece que o PT não é um adolescente. Nasceu em 1980, sendo, portanto, oito anos mais velho que seu "irmão mais velho".
O PSDB alcançou a Presidência em apenas seis anos. O PT ficou no sereno por mais de duas décadas. E perdeu três eleições nacionais até entender e depurar os seus defeitos. Fala-se dos tucanos que eles não sabem fazer oposição. É claro que não. Eles nunca a fizeram.
Mas, e quanto à direita? Ela não existe ao sul do Equador? Será que no Brasil não existe ninguém que defenda princípios de direita, seja a liberal, seja a conservadora? O pensamento de direita tem bases sólidas e não implica necessariamente complacência com ditaduras ou regimes de exceção. Entre outros princípios, prega o respeito aos direitos humanos, o sagrado direito de tomar decisões e a responsabilidade individual.
Todos pelo social não dá, pessoal. Alguém vai ter de subir pelo elevador de serviço.
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