terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Câncer em quem não der o dízimo” – Pastor humilha fiéis e é processado






Segundo denúncias, Pablo Jimenez induzia os fiéis a venderem os bens e doar o dinheiro para a igreja.
Pablo Jimenez, pastor da recém aberta igreja Holy Trinity Tabernacle, teria agredido verbalmente os fiéis que não davam altas doações. Após denúncias, igreja mudou de nome.

O pastor Pablo Jimenez é acusado de enganar e agredir verbalmente membros da igreja.
O que seriam momentos de oração e conforto acabaram se transformando em pesadelo para dezenas de brasileiros de Danbury, Connecticut. Segundo denúncias de membros da Holy Trinity Tabernacle, o pastor Pablo Jimenez da Silva, 46, teria lesado financeiramente e humilhado participantes dos cultos.

Os comerciantes Cleantes e Eliza Xavier, proprietários da Eliza’s Store, foram uns dos mais prejudicados. Segundo eles, a filha Lilian Carroll teria sofrido uma lavagem cerebral por parte do pastor. Xavier também perdeu milhares de dólares. Ele e Pablo se conheceram através de outro pastor, há cerca de 10 meses, quando o religioso se identificou como pastor missionário para os pobres, na África e na Índia.

“Um ‘profeta de Deus’”, assim Xavier definiu o pastor, que conseguiu convencê-lo da “bondade” através das palavras e orações. “Como ele se autodenominava profeta, falava o que queria, do jeito que queria, e a lei era ele praticamente”. A esta altura, o comerciante começava a perder a noção do certo e do errado, segundo ele próprio.

O prejuízo financeiro inicial de Xavier foi de cerca de $5,000, quantia que pagou uma passagem de Pablo para a Índia. O comerciante estima um total de $50,000 perdidos, usados entre outras coisas para a montagem do ministério, divulgação e pagamento de advogado. Ainda segundo o comerciante, o pastor ficava orando na casa dele até de madrugada.

Segundo Xavier, Pablo convenceu Lilian de que ela seria uma grande pregadora no mundo inteiro, e que Xavier seria o pilar dele. Pai e filha passaram a bancar tudo. Através de uma suposta revelação de Deus, Pablo ouviu que o povo de Danbury precisava dele, segundo o comerciante. Nascia assim a Holy Trinity Tabernacle, composta inicialmente por Xavier, Lilian e Pablo.

Já totalmente dominado pelo pastor, Xavier tinha sido inicialmente alertado pela esposa e viu a revolta do filho Rodrigo Henrique, pois dedicava boa parte do tempo para atividades dentro e fora da igreja. O comerciante convidou cerca de 20 pessoas para frequentar o templo. Segundo ele, Pablo fazia lavagem cerebral nas pessoas, e cobrava 10% de dízimo e 20% de oferta. “Se você não der será amaldiçoado, será ladrão de Deus”, disse o comerciante, repetindo as palavras de Pablo. “

Xavier bancou uma viagem de Pablo à África, dando ainda um extra de $2,000. O pastor tachou o comerciante de infiel. “Disse que Deus havia falado a ele para eu dar $10,000”. Na igreja, Pablo dizia ainda “com Deus não tem refresco, e quem não gostar, a porta da rua está aberta”, segundo Xavier. De acordo com Eliza, o pastor chegou a dizer “o tamanho da sua doação é o tamanho da sua bênção”.

Nos cultos, segundo o casal, o pastor dizia que tinha sido um grande empresário, e que se desfez de tudo para servir a Deus, incentivando os fiéis a vender os bens. Alguns chegaram a vender os carros e entregaram o dinheiro ao pastor. “Ele fez um estrago irreparável nas pessoas de boa fé. O prejuízo moral e espiritual é o maior, destruiu a minha família, os nossos sentimentos”.

A maior tristeza de Eliza é ver Lilian tão afetada pela situação, e desmente os boatos de que a filha teria fugido com o pastor. A comerciante só deseja justiça, e que Pablo pare de iludir pessoas de boa índole. Eliza declarou também que está muito decepcionada com Mirtes Almeida, ex-funcionária dela e tida como pessoa de extrema confiança. Segundo ela, Mirtes estaria acobertando o pastor, chegando a organizar cultos, e disse ainda que o pastor estaria morando em Ridgefield. Mirtes negou que esteja em contato com o pastor.

Segundo Olavo Magalhães, residente em Massachusetts e batizado por Pablo Jimenez numa igreja em um bairro nobre de Belo Horizonte (MG), por volta de 2002, o pastor era autoritário e chegou a expor, em pleno culto, os problemas de um casal. Olavo é amigo de Xavier e chegou a alertá-lo. “Não tem como falar que ele mudou, se regenerou, que não vai ser fácil acreditar”, disse Olavo.

Desempregada, Rosilane D’Agostino deixou um culto quando ouviu o pastor dizer que oraria para dar um câncer em quem não desse ofertas e
dízimos, chocando os fiéis. “Ele me chamou de prostituta, de Jezebel, que eu ia pro inferno, que eu era drogada”, disse, clamando por justiça. “Que ele seja desmascarado”.

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