O doce de leite chegou”, grita um traficante de crack, antes de ser rapidamente cercado por viciados. De repente, uma explosão. Uma bomba é atirada do alto de um prédio, na direção dos usuários de drogas. Alguns fogem e outros, com dedos em riste, simulando um revólver, fazem ameaças aos moradores. Essa foi uma entre várias cenas dramáticas presenciadas pela reportagem do Estado nos cinco dias em que viveu na cracolândia, área no centro ocupada pela Polícia Militar desde 3 de janeiro. As noites foram passadas em dois hotéis diferentes, nas Ruas Guaianases e Helvétia.
Por toda a região, percebe-se o clima de tensão e guerra. De um lado, moradores e comerciantes acuados pela multidão de viciados que anda sem rumo. De outro, “noias” sendo tocados por PMs e seguranças armados de porretes. Atos simples como ir ao trabalho ou à padaria tornaram-se um problema para quem vive não só na Luz como em bairros próximos, como Santa Cecília e Santa Ifigênia, para onde os dependentes têm migrado.
Em várias ruas, há grupos de viciados nas calçadas, intimidando quem passa a pé. “Minha filha já tem 13 anos, mas agora tive de voltar a levá-la à escola. E eu que gostava tanto de morar aqui”, lamenta o garçom Elcio Dias, de 46 anos, morador da Rua Guaianases, na Santa Ifigênia.
Da janela dele, é possível ver o mercado livre da droga em que se transforma a rua todo dia, a partir das 18h. Traficantes gritam alto para vender, enquanto viciados aparecem com toda sorte de objetos, na tentativa de conseguir ao menos meia pedra. Em uma ocasião, um rapaz carregava até um enorme exaustor. Enquanto isso, viciados com mais dinheiro se refugiam da repressão policial em hotéis baratos.
Passar no meio da multidão de “noias” é assustador. A todo momento, rapazes com cachimbos na mão oferecem crack. O cheiro forte provoca tosse e embrulha o estômago. Há pessoas rindo e outras chorando. Crianças, idosos e deficientes físicos acendem seus cachimbos simultaneamente. Alguns estouram isqueiros, atirando-os ao chão. Como não aceitou as ofertas dos vários traficantes, a reportagem chamou a atenção e foi seguida até o hotel onde estava hospedada. Um menino de no máximo 12 anos disse em tom de ameaça: “A gente já conhece você, seu verme”.Fonte: O Estado de São Paulo
[o mais absurdo é que muitas pessoas são contra a repressão - alguns colunistas escrevem artigos contra a ação policial. Acham que as ruas devem ser do noiados e traficantes.]
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Primeira-dama não é cargo eletivo, dona Janja.
Há 2 minutos
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