quinta-feira, 3 de março de 2011

O NOVO ANTI-SEMITISMO



Em o “Anti-sionismo – Nova Face do Anti-semitismo (São Paulo: Ed. B’nai B’rith, 1882 – título em hebraico – “Libelo: Sionismo = Racismo, editado em Israel, em fins de 1978) ELIYAHU BILETZKY - aborda a novíssima reconfiguração anti-semita, travestida de anti-sionista.

Diz o autor, referindo-se ao conflito árabe israelense:

“Nestas circunstâncias, como podem os líderes do mundo conferir legitimidade a uma ideologia do terror e a um pacto ideológico que proclama expressamente que “a luta armada é o único caminho para a libertação da Palestina”, ou a destruição do Estado de Israel?”

A análise prossegue com relação aos aspectos psicológicos (sociopatológicos) da ‘judeufobia’ em termos históricos e contemporâneos, ilustrado com expressões anti-semitas.

Na entrevista a seguir a história Maria Luiza Tucci Carneiro atualiza as novas reconfigurações anti-semitas.

RIVADAVIA ROSA


Em seu mais recente livro – Cidadão do Mundo (São Paulo, 2010), a ser lançado na Alemanha durante a Feira do Livro de Frankfurt de 2013 – a historiadora paulista Maria Luiza Tucci Carneiro, atual coordenadora do LEER (Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação da Universidade de São Paulo), investiga o papel do Brasil diante do Holocausto e dos judeus refugiados do nazifascismo entre 1933 e 1948.

Esta nova publicação complementa as denúncias contra o Estado Novo já registradas em O Antissemitismo na Era Vargas, publicado em 2001. Na época, a professora da Faculdade de História da Universidade de São Paulo revelou informações até então amplamente ignoradas sobre as circulares secretas emitidas durante o governo Vargas para impedir a imigração de judeus ao Brasil e desmistificou a imagem de ponderação e cordialidade de diversos políticos da época, sobretudo de Oswaldo Aranha, ministro das Relações Exteriores de Getúlio.

Mas o que temos hoje é uma outra faceta do racismo, que já não se apoia mais em teorias científicas como as dos anos 30 e 40, mas se configura como neorracismo cultural, fundamentado na identidade cultural.

A reflexão sobre o Holocausto infelizmente não desapareceu com a reflexão sobre o Holocausto. Como você descreveria a "máscara" do antissemitismo no Brasil hoje?
Hoje você não tem mais a antiga forma de antissemitismo, e nem poderia ter, porque a própria imprensa denunciaria qualquer país que se fundamentasse em teorias eugenistas para fazer uma limpeza étnica, por exemplo. Mas você tem um antissemitismo travestido de antissionismo.

Hoje as pessoas dizem "Não sou antissemita, mas sou contra Israel". Muitas vezes posso até não estar de acordo com certas posturas do governo de Israel, mas nem por isso sou antissemita. Mas há quem use isso de argumento. Essa é uma nova máscara; e por trás dessa máscara se escondem aqueles que buscam no discurso secular justificativas para o que chamo de novo antissemitismo, que é muito mais político do que científico.

Ninguém se atreveria a usar as justificativas da elite da diplomacia brasileira dos anos 30 e 40, que se sustentava em argumentações "científicas". A revista criada pelo Conselho de Imigração e Colonização de 1938 publicava textos de grandes nomes da ciência brasileira sobre o "imigrante indesejado". Era ali que o suprassumo da intelectualidade brasileira justificava através da psiquiatria, da psicologia e da medicina por que aqueles cidadãos – do ponto de vista biológico – não seriam adequados para compor a população brasileira.

Hoje você não ouve mais isso, a não ser uma semente dessa argumentação no discurso dos neonazistas. No Brasil, nota-se agora uma proliferação de grupos neonazistas, principalmente nas regiões sul do país, que estão retomando o discurso racista dos anos 30 e 40, muitas vezes sem ter noção do perigo e dos efeitos que isso causou na época. Daí a importância de se criarem políticas públicas direcionadas para esses jovens, que muitas vezes acabam se tornando adeptos de tais teorias por desconhecimento e ignorância.

No início de dezembro do ano passado, o governo brasileiro reconheceu o Estado palestino nas fronteiras existentes em 1967. Como você contextualizaria essa atitude que Lula tomou um pouco antes do fim de seu último mandato como presidente?
Vejo a decisão do governo Lula não tanto como uma questão de justiça com os palestinos ou como uma retomada da questão da partilha da Palestina. Acho que essa atitude foi tomada para marcar uma posição nas negociações políticas com o Irã. A meu ver, esse reconhecimento do território da Faixa de Gaza está muito mais relacionado às ligações do governo brasileiro com o iraniano. Isso é muito perigoso, pois um país que está contra Israel e nega o Holocausto não é o melhor companheiro para o Brasil. Aqui novamente temos a máscara da cordialidade e uma discrepância muito grande entre o discurso e as atitudes.

Isso é perigoso, porque no passado o Brasil também fez uma política de bastidores, fazendo concessões nas negociações com a Alemanha nazista e com outros países. A questão é ver como esse discurso aparece na mídia depois. Além do mais, isso reforça a postura do Brasil contra Israel e basicamente retoma uma postura passada que abre espaço para a revitalização do pensamento antissemita.

Um comentário:

  1. Como tem Anti-Alemão, Anti-Árabe, Anti-Americano e ect. assim deve ter Anti-Semitismo ou Anti-Judaismo!

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