quinta-feira, 3 de março de 2011

O FALSO MITO DO ROBIN HOOD

 
 
No livro que estou lendo A Revolta de Atlas de Ayn Rand há uma passagem, no 2º tomo da trilogia, que trata de Hobin Hood.

Um pirata do bem, Ragnar Danneskjöld, muito mal falado na imprensa e no país, num diálogo com um industrial, Sr. Rearden, que estava perdendo sua riqueza por causa de um decreto do governo de caráter socialista, diz o seguinte:

Sr. Rearden, diz Ragnar: "estou correndo atrás de um homem que quero destruir. Ele já morreu há muitos séculos, mas, enquanto não conseguirmos apagar os últimos vestígios dele das mentes dos homens, não teremos um mundo digno para viver."

O Sr. Rearden pergunta: "quem é esse homem?

-- Hobin Hood. "Ele era o homem que roubava dos ricos e dava aos pobres. Bem, eu sou o homem que rouba dos pobres e dá aos ricos, ou mais exatamente, que rouba dos pobres ladrões e devolve aos ricos produtivos".

Na sequência, o pirata do bem começa a falar suas convicções:

"...jamais ataquei um navio de propriedade privada, nem roubei qualquer propriedade privada. Como também jamais saqueei um navio militar, pois o objetivo da Marinha de Guerra é proteger da violência os cidadãos que pagam por ela, o que é a função apropriada do governo.

Porém apreendi sempre que pude todo navio saqueador, todo navio contendo auxílios governamentais , subsídios, empréstimos, doações, todo navio carregado de bens arrancados à força de alguns homens para beneficiar de graça outros que nada fizeram para merecê-los. Saqueei os navios que ostentavam a bandeira da ideia que estou combatendo: a de que a necessidade é um ídolo sagrado que exige sacrifícios humanos, que a necessidade de alguns homens é uma lâmina de guilhotina pairando sobre outros."

"Todos nós temos de viver com nosso trabalho, nossas esperanças, nossos planos, nossos esforços à mercê do momento em que essa lâmina cairá sobre nós -- e que quanto maior nossa capacidade, maior o perigo para nós, de modo que o sucesso coloca nossas cabeças sob a lâmina, enquanto o fracasso nos dá o direito de puxar a corda.

Esse é o horror que Hobin Hood imortalizou como ideal moral. Diz-se que ele lutava contra governantes saqueadores e restituía às vítimas o que lhes fora saqueado, mas não é esse o significado da lenda que se criou. Ele é lembrado não como um defensor da propriedade, e sim como um defensor da necessidade; não como um defensor dos roubados, e sim como protetor dos pobres. Ele é tido como o primeiro homem que assumiu ares de virtude por fazer caridade com dinheiro que não era seu, por distribuir bens que não produzira, por fazer com que terceiros pagassem pelo luxo de sua piedade."

"...Ele se tornou uma justificativa para todo medíocre que, incapaz de ganhar seu próprio sustento, exige o poder de despojar de suas propriedades os que são superiores a ele, proclamando sua intenção de dedicar a vida a seus inferiores roubando seus superiores. É essa criatura infame, esse duplo parasita que se alimenta das feridas dos pobres e do sangue dos ricos, que os homens passaram a considerar ideal moral. E isso nos levou a um mundo onde quanto mais um homem produz, mais ele se aproxima da perda de todos os seus direitos..."

"Enquanto os homens não aprenderem que, de todos os símbolos humanos, Hobin Hood é o mais imoral e o mais desprezível, não haverá justiça na Terra nem possibilidade de sobrevivência para a humanidade".
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Ayn Rand nasceu em 1905 em São Persterburgo na antiga União Soviética czarista, acreditava que o homem nasce livre e pode fazer o que desejar. Era ateia e opositora ferrenha do socialismo. Esse livro é best-seller há mais de 50 anos e vendeu 11 milhões de exemplares.

O que acho interessante nessa escritora é que a cultura cristã não perpassa a sua obra. Eu sou agnóstica e, apesar disso, entendo que aquela cultura é necessária por um bom tempo para a humanidade.

Mas fica a sua visão de Hobin Hood que fazia caridade com o dinheiro alheio e distribuía bens que não produzira!

Carmen Gomes.

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