segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
PT e PSDB: dois iguais a fingirem-se de diferentes
As diferenças que separam petistas e tucanos são cada vez menores e isso empobrece o debate político
Por Ricardo Balthazar Folha de São Paulo
SÃO PAULO - Marta Suplicy estrilou na semana passada, inconformada com o avançado namoro de seus companheiros petistas com Gilberto Kassab.
Ela se disse assustada com a possibilidade de "acordar de mãos dadas" com o antigo adversário e ameaça ficar fora do palanque de Fernando Haddad se ele preferir dar o braço ao prefeito.
Um dia depois, Kassab foi à festa de aniversário do PT e roubou a cena: ganhou lugar de honra no palco, mandou beijinho e piscou o olho para a presidente Dilma Rousseff.
Quando a plateia começou a vaiar e a cúpula do partido tentou conter o protesto, Dilma ajudou a puxar os aplausos para o novo companheiro.
Faz tempo que os petistas abandonaram o pudor na escolha dos aliados. Basta ver com quem Marta anda para lembrar disso.
Seu suplente no Senado é o vereador Antônio Carlos Rodrigues, do PR, chefe do bloco conservador que passou a dar as cartas na Câmara Municipal depois que Marta e o PT saíram da prefeitura.
Na mesma semana em que Dilma celebrou em público sua amizade com Kassab, o governo entregou ao setor privado a administração de três dos maiores aeroportos do país, levando petistas e tucanos a se engalfinhar num debate infantil sobre os modelos de privatização que adotaram nos últimos anos.
Assim como na negociação das alianças do PT, a briga tem pouco a ver com ideologia.
Os dois lados desperdiçam energia com questões semânticas, como a diferença entre concessões e privatizações, e evitam reconhecer o óbvio. Nenhum deles é contra nada.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário